Por MRNews
Neste domingo (2), cerca de 40 mil pessoas visitaram os três cemitérios públicos de Campo Grande, São Sebastião (Cruzeiro), Santo Amaro e Santo Antônio, para homenagear familiares e amigos já falecidos. O Dia de Finados foi marcado por momentos de fé, reflexão e reencontros emocionados, desde as primeiras horas da manhã, quando os portões foram abertos ao público.
Entre orações e gestos de carinho, o clima era de tranquilidade. Comerciantes, equipes de limpeza e funcionários se organizaram para garantir acolhimento e estrutura a quem escolheu passar o dia recordando aqueles que deixaram saudade.
No cemitério São Sebastião, a movimentação começou cedo. A comerciante Maria Roberta da Silva, que há mais de três décadas vende flores no local, acompanhava o vai e vem dos visitantes com o olhar de quem já viu muitas histórias se repetirem.
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“Todo ano é assim, a gente se prepara com carinho. Faço mil vasos de flores e vendo todos. É um trabalho em família: nós compramos os materiais, montamos e acampamos aqui desde sexta. É cansativo, mas também é gratificante, porque é um momento em que todo mundo quer demonstrar amor”, conta.
Perto dali, Francinete Cláudia de Oliveira e os familiares levaram flores ao túmulo do pai. A emoção tomou conta da visitante ao lembrar dos pais, já falecidos.
“É um dia difícil, vem muita saudade. A gente vem todo ano, sempre traz flores, limpa, conversa um pouco. Agora quero ver se consigo colocar uma lápide nova, deixar mais bonito pra ele. É uma forma de cuidar, de estar perto de novo, mesmo que por um instante”, disse, com a voz embargada.
Além da visita e das homenagens, quem passou pelo local também pôde levar um símbolo de vida para casa. A Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), distribuiu mudas de plantas nos cemitérios. O engenheiro Alexsandro Ulisses explicou que a ação busca oferecer conforto às famílias.
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“Foram distribuídas 1.200 mudas, divididas entre o Santo Amaro, Santo Antônio e São Sebastião. Aqui ficaram 400. Temos romã, pitanga, acerola e amora, espécies que simbolizam renovação e lembram que, mesmo na saudade, a vida continua”, explicou.
No cemitério Santo Amaro, a comerciante Jucimeire Silva Santos relembra tempos em que o movimento era intenso. Há cerca de 40 anos no mesmo ponto, ela viu o espaço e os costumes mudarem.
“Antigamente era tanta gente que não tinha lugar pra colocar banca. Hoje, vem menos pessoas, principalmente os mais jovens. Depois da pandemia, muita coisa mudou. Mas a gente continua firme, eu, meu filho, minha nora, meu marido e minha irmã. A gente dorme aqui, cuida, e vai levando. É cansativo, mas é o que a gente ama fazer”, conta.
Entre os visitantes, os irmãos Isabel e Francisco Pereira de Lima caminham lado a lado, carregando baldes d’água. Eles mantêm o costume de limpar e enfeitar os túmulos dos pais, do irmão e do marido de Isabel.
“Todo ano a gente vem, é uma lembrança que nunca se apaga. É uma forma de honrar em vida e depois também”, resume Francisco.
No cemitério Santo Antônio, o cenário é parecido: silêncio respeitoso, passos lentos e mãos que ajeitam flores com delicadeza. O comerciante Cristóvão Ramon Gonçalves, há 33 anos no local, fala com serenidade sobre o trabalho.
“Muitos desistiram com o tempo, porque é cansativo e a gente fica aqui direto. Mas é um período em que a gente cria laços, conhece famílias, escuta histórias. Todo ano é diferente, tem dia que vende mais, tem dia que é mais parado, mas o importante é estar aqui, fazer parte disso.”
Entre lágrimas discretas e sorrisos de lembrança, o Dia de Finados em Campo Grande segue sendo mais do que um feriado: é um encontro entre gerações, um gesto de amor que resiste ao tempo e transforma a saudade em memória viva.
