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Diretor de O Agente Secreto quer que filme seja descoberto por jovens

Por MRNews

Nesta terça-feira (29), o filme brasileiro O Agente Secreto recebeu indicações ao Gotham Film Awards, premiação que reconhece o cinema independente. O filme dirigido por Kleber Mendonça Filho foi indicado a roteiro original e também de melhor atuação para Wagner Moura.

As indicações se somam a uma lista de prêmios que o filme, que estreia no Brasil no dia 6 de novembro, já vem trilhando e conquistando em solo internacional. Em maio, ele recebeu os prêmios de melhor direção e de melhor ator no Festival de Cannes, uma das premiações mais importantes do cinema mundial.

A expectativa é que o longa, que foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para ser o representante do Brasil no Oscar do próximo ano, possa repetir o feito de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que neste ano foi escolhido como o melhor filme internacional da maior premiação do cinema.

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Mas isso ainda é um longo percurso, admitiu Wagner Moura, em entrevista coletiva concedida na tarde de hoje (28) na capital paulista.

“A gente está fazendo tudo direito, mas eu acho que a gente tem que ter calma e respirar. Mas quando começa a ter essas indicações de outras premiações como o Gotham, aí eu começo a dizer que a gente tem um caminho que está parecendo mais real do que há duas semanas”, disse.

Enquanto essa indicação não chega, o maior objetivo do diretor Kleber Mendonça é conquistar o público brasileiro e atrai-lo para os cinemas, principalmente os mais jovens.

“Quero que o filme seja visto por um público grande no Brasil, mas eu tenho um desejo muito especial de que esse filme seja descoberto por gente muito jovem – como estudantes, meninos e meninas – que vão ao cinema e veem um filme brasileiro que conta a história brasileira. Talvez esses jovens possam descobrir alguma coisa nova, algum ponto de vista interessante sobre o nosso país”, ressaltou o diretor.

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Escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto conta a história de Marcelo, interpretado por Moura, um homem que retorna a Recife em busca do filho e para fugir de um passado misterioso. O filme é todo ambientado nos anos 70, durante a ditadura militar.

E esse é um dos períodos da história do Brasil que o diretor espera que a juventude conheça ainda mais.

“Eu saí de uma sessão do filme Ainda Estou Aqui, no Recife, e na minha frente saíram duas meninas muito jovens que falaram uma para outra que não sabiam que o regime militar tinha sido tão ruim daquele jeito. Então, eu acho que são pequenas informações, pequenos sentimentos, que um filme, principalmente um filme brasileiro, pode trazer sobre o nosso país”, afirmou.

Memória

O Agente Secreto começa com um retorno ao passado, uma busca por memórias e entendimentos. Mostra não somente o retorno de Marcelo para sua família e sua casa, como também apresenta um momento histórico do país que, segundo o diretor, sempre se tenta apagar, mas que continua a provocar traumas e violências constantes.

“O Brasil é um país que tem algumas questões com memória, é um país que tende a esquecer de muita coisa. Eu acho que o cinema é um instrumento muito bom, porque ele é um bom filme, prende a sua atenção, te diverte e te mantém entretido, mas ele também pode ter uma carga de informação de verdade sobre o lugar onde a gente mora”.

Para o intérprete de Marcelo, a busca por essas memórias é uma característica não somente de O Agente Secreto, mas do cinema nacional, como um todo.

“A memória é importante, porque se a gente não tivesse, por exemplo, a Lei da Anistia, que foi uma lei que apagou a memória do Brasil, a gente não teria tido o presidente que a gente teve, esse que foi condenado [Jair Bolsonaro]. A memória é uma coisa importante e não só para a cultura e o cinema, mas o jornalismo, a universidade, a sociedade como um todo, têm a função de preservar a nossa memória para que cresçamos como país”, completou o ator.

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