O agricultor Deraldo Adelto de Araújo deixou o Paraná para fincar raízes em Minas Gerais. Nascido e criado na roça, há 18 anos pisou as terras do Triângulo Mineiro, mais especificamente Araguari. Produtor experiente, arriscou empreender numa cultura antes praticamente inexistente na região, ao menos em escala comercial: a goiaba.
Em Araguari, o que domina é a produção de café, soja, milho, pastagem e tomate. Mas a fruticultura se apresentou como uma atividade rentável, além de ser adequada para pequenos espaços, como é o caso de Deraldo, que é agricultor familiar.
“A família veio junto. A esposa sempre lutando ombro a ombro, os filhos cresceram e tomaram gosto, continuam trabalhando aqui”, comenta.
A goiaba é cultivada em quatro hectares de terra locada. São 2,5 mil pés que produzem cerca de 50 toneladas por hectare a cada ciclo da cultura, que gira em torno de oito meses.
Os três filhos mais velhos do agricultor trabalham com ele na lavoura. Cada um é responsável por uma tarefa específica, afinal, o treino aprimora a técnica e é difícil conseguir mão de obra fora do grupo familiar.
“Eu cheguei a trabalhar fora, mas vendo a dificuldade do meu pai, voltei. Trabalhar aqui é uma paixão. Meu pai é um exemplo para mim”, diz Luiz Henrique de Araújo.
Depois de alguns anos melhorando formas de manejo, eles conseguiram chegar à excelência: boa produtividade de um fruto de alta qualidade, graúdo, bonito e doce. A variedade escolhida é a tailandesa, uma goiaba carnosa, que tem menos sementes na comparação com outras, além de ser a de maior aceitação no mercado.
Para controlar as eventuais pragas, Deraldo adota práticas agroecológicas, conforme orientações dos técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG).
“Os pomares dele são livres de agrotóxicos. Quando a goiaba está com 2 a 4 centímetros, nós indicamos que façam o ensacamento dos frutos. Isso reduz a incidência de luz, minimizando danos na casca, além de proteger da mosca das frutas”, explica o técnico da empresa, André Luiz Figueiredo.
Alimentação escolar
Além das orientações para produção, a empresa pública também auxilia na comercialização. “A Emater é muito importante, os técnicos são muito atenciosos. Eles têm, inclusive, intermediado diretamente a venda das goiabas para merenda escolar, onde se agrega um pouco mais de valor”, comenta Deraldo.
Ele foi incluído pela Emater-MG no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que preconiza que ao menos 30% dos recursos destinados à merenda devem ser gastos com compras diretas da agricultura familiar.
“Dessa forma, o programa garante renda para os produtores e alimentos de qualidade para os estudantes”, destaca o coordenador regional da Emater-MG, José Roberto Silva.
Nas escolas de Araguari, as goiabas do Deraldo são lanches apreciados. “Os alunos têm grande aceitação. Com auxílio da Emater-MG nós compramos dos agricultores da região, produtos da época, frescos. Para muitos estudantes, é na escola que eles têm a oportunidade de uma alimentação saudável”, ressalta a secretária de Educação de Araguari, Cristiane Nery Pereira.