Filho dos Livres e Bando do Velho Jack revivem clássicos regionais em show inédito – Agência de Noticias do Governo de Mato Grosso do Sul

Na noite desta quinta-feira (22), o 23º FIB (Festival de Inverno de Bonito) testemunhou o encontro inédito de duas das maiores forças da música sul-mato-grossense: Filho dos Livres e O Bando do Velho Jack, que uniram suas trajetórias no show intitulado “Fundição”. A apresentação marcou a fusão harmoniosa da suavidade do folk com a energia visceral do rock’n’roll. 

O espetáculo começou com uma nota familiar que logo se transformou em um coro uníssono: “Meu Carnaval”, uma das canções mais emblemáticas do Filho dos Livres, abriu o show e rapidamente as vozes da plateia se uniram à melodia. Pouco depois, foi a vez de “Palavras Erradas”, do Bando, incendiar o público. 

Em um momento de profundo respeito e reverência, o “Fundição” dedicou parte de seu repertório àqueles que moldaram a identidade da música regional. As bandas revisitaram clássicos como “Comitiva Esperança” e “Trem do Pantanal”. As canções, reimaginadas em versão rock, ganharam novas camadas de intensidade e vigor, mantendo viva a essência de mestres como Geraldo Espíndola, Paulo Simões, Almir Sater, Geraldo Roca, Ney Matogrosso e Alex Batata. 

Vocalista e guitarrista do Bando do Velho Jack, Rodrigo Tozzete comentou sobre a experiência de dividir o palco com os amigos de estrada. “Sempre é uma experiência nova e que traduz um pouco a nossa essência também. São 30 anos de amizade juntando o folk, um pouco de rock e a poesia sul-mato-grossense. Tínhamos vontade de fazer isso há muito tempo”. 

“Desde que as bandas começaram a ganhar expressão na estrada, surgiu essa vontade pela amizade que a gente tem. Mas nunca deu certo por causa das agendas e tudo mais. Aqui no Festival, foi o pontapé que a gente precisava. Estamos celebrando e curtindo demais, a vibe está super legal. Uma das coisas mais legais que a música pode dar pra gente são os amigos que a gente faz. Curtimos demais o show e vai vir um monte desses daqui pra frente”, completou Tozzete. 

Quando “Trem do Pantanal” começou, a plateia foi tomada por uma onda de surpresa e entusiasmo ao ouvir a versão rock da icônica música. Guga Borba, vocalista e multi-instrumentista do Filho dos Livres, explicou a ideia por trás dessa releitura.

“O Bando e o Filho dos Livres, como outros artistas sul-mato-grossenses, têm essa coisa de fazer releituras, de trazer esses clássicos da música regional e transformá-los. Seja em rock, jazz, pagode, blues, a ideia é sempre transformar. Tivemos a oportunidade de mexer um pouco na grande obra dos nossos mestres, que nos influenciaram a vida inteira. A ideia é mostrar que esses clássicos podem ser interpretados de muitas formas, mantendo sua essência, mas trazendo algo novo para o público”, disse Borba. 

A campo-grandense Rosângela Polidoro, de 50 anos, relembra sua trajetória com o rock e a influência familiar que a levou a se tornar uma apreciadora de música regional. “Meu tio e meus irmãos são músicos, e eles fazem parte da banda Control A. Eu sempre ia aos shows com eles e, assim, conheci a música do Bando do Velho Jack, que tocava muito na antiga 104 FM. Tenho 50 anos e venho ouvindo boa música desde então. São duas bandas que eu adoro e que marcaram minha adolescência. Sempre ouvi rock. Eu vim especialmente para vê-los, e mesmo tendo a oportunidade de assistir aos shows em Campo Grande com frequência, nunca perco a chance”.

A noite em Bonito começou a esfriar, e Osvaldo Viana, de 41 anos, se preparou para o frio com um casaco e até uma coberta. No entanto, a eletricidade do show fez com que ele se desfizesse rapidamente dessas camadas. O calor da música e a energia contagiante foram tão intensos que, pouco a pouco, o campo-grandense se viu apenas de camiseta, pulando e celebrando com o fervor de quem viveu uma experiência inesquecível. Para ele, o show trouxe à tona memórias afetivas

“O show de hoje foi muito marcante para mim, pois, na época em que morava em um mosteiro, ouvia falar do Bando do Velho Jack, pois minha irmã gostava muito da banda. Embora eu não ouvisse suas músicas, pois minha audição se restringia ao que era religioso, eu era contagiado pela alegria que elas transmitiam. Depois, quando saí do mosteiro, descobri que a banda havia se encerrado”, comentou Osvaldo. 

Música como reflexão e preservação da Terra

No Palco Lua, a segunda noite de show do FIB continuou com o Concerto Gaia, do português Norberto Cruz. A apresentação, que leva o nome da deusa grega da Terra, promoveu reflexão sobre a conexão com o planeta e o papel do homem no mundo. O renomado bandolinista e compositor português trouxe uma performance que misturou influências diversas e inovações tecnológicas, criando uma experiência sensorial que revelou as múltiplas facetas da natureza e da espiritualidade. A conexão entre a música e a mensagem ambiental ganhou uma dimensão especial em Bonito, um lugar conhecido por sua natureza preservada.

No Concerto Gaia, Norberto Cruz mergulhou fez questão de explorar uma variedade de instrumentos, desde o bandolim de 12 cordas até timbres exóticos de origem árabe. A performance destacou a influência do colonialismo português, refletindo nas sonoridades que cruzam as tradições macedônia, turca e grega. Em harmonia, a fusão de estilos conectou diferentes culturas e épocas. 

Bel Manvailer e Lucas Castro, Festival de Inverno de Bonito
Fotos: Altair Santos

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