“Uma amiga preta me falou: escreve, menina
Conta pro mundo o que cê leva com você
Mesmo que, muitas vezes, isso possa te doer
E eu perguntei
Me sinto vazia
Sobre o que vou escrever?
E ela me respondeu
Uma resposta que me doeu
Tem que escrever, porque se a gente não contar
Nossas histórias continuarão sendo contadas
Por quem tentou nos matar
E foi assim que eu percebi
Que no meio das minhas
Eu não preciso ter muito pra falar
Talvez só me basta estar ali
No meio delas
E eu sei que elas entendem se eu começar a chorar
E ver todas aqui
Receber abraços, sorrisos
E muita, muita força
Ver muitas que me ensinaram
E ensinam
A nunca a parar
Sempre a continuar
Sou feita de Marielle, Raimunda Luzia de Brito, Tereza de Benguela, Lélia Gonzales, Tia Eva, Carolina de Jesus, Vânia, Romilda, Bartô, Viviane, Sandra Mara, Rosana, Márcia Catarina e todas as outras.
Que pisaram antes
Machucaram seus pés
Para que o caminho onde hoje eu piso
Seja mais fácil de trilhar
Às vezes não sei muito o que falar
E tem dia que só consigo cantar: Deus é uma mulher preta”
Na poesia de Isa Ramos, que emenda versos com a canção “Deus é uma mulher preta”, a campanha da Secretaria de Estado da Cidadania mostra que o Julho das Pretas vem para evidenciar a luta delas.
Com o tema “Eu, mulher preta”, o auditório do Instituto Mirim de Campo Grande foi palco para a celebração da ancestralidade, luta, história e conquistas das mulheres negras.
Subsecretária de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial, pasta ligada à Cidadania, Vânia Lúcia Baptista Duarte explica que a agenda de ações foi montada em parceria com as prefeituras municipais do Estado e também movimentos sociais.
“Vamos evidenciar quem são as mulheres pretas de Mato Grosso do Sul. Vamos evidenciar as lutas e as conquistas, e também fazer o processo de escuta para a formulação das políticas públicas com o negro, o não negro, homens e mulheres, porque apesar de estarmos no Julho das Pretas, nós queremos falar para toda a sociedade”, ressalta Vânia.
Para a coordenadora de Política de Promoção da Igualdade Racial de Campo Grande, Rosana Anunciação, o Julho das Pretas traz a auto afirmação e reforça a necessidade de ainda se lutar pela efetivação das políticas públicas.
“Precisamos ocupar todos os espaços. As mulheres pretas precisam disso, nós precisamos disso, a sociedade precisa disso, e para falar de política pública, a gente precisa entender todo o processo. Estar aqui com vocês, dividindo essa energia, é fundamental”, pontua.
Quanto à data, a técnica da subsecretaria, Márcia Catarina, apresentou aos presentes a motivação por trás de Julho, mais precisamente, do dia 25.
“O Julho das Pretas vem em decorrência do fato criado no ano de 1992, quando se reuniram por volta de 400 mulheres negras da América Latina e Caribe, para debater sobre situações específicas das mulheres negras. Aqui no Brasil, em 2014 passou a se comemorar no dia 25 de Julho o Dia Nacional de Tereza de Benguela, e posteriormente, em 2018, o Dia Estadual”, elencou.
Para conferir o calendário completo, clique aqui.
Julho das Pretas
Na cerimônia que abriu a agenda de atividades do Julho das Pretas, a subsecretária Vânia Lúcia também lançou todo o cronograma de atividades, e prestou uma justa homenagem ao coletivo de mulheres negras de MS, Raimunda Luzia de Brito, além de compartilhar que a campanha também toma conta das redes.
“Vamos tratar pouquinho dessa temática falando sobre a mulher negra na universidade, na empresa privada, e cada semana será uma. Na tela também, quando o servidor do Estado ligar o computador, vai ter a imagem da campanha Julho das Pretas. Estamos nos movimento para levar essa pauta a toda a população, e para colocar o protagonismo da mulher negra”, enfatiza Vânia.
Para a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, a campanha não se limita apenas ao mês de julho, porque é necessário evidenciar a história das mulheres negras durante os 365 dias do ano.
“Aqui, realmente é o início do mês e de uma longa trajetória para trabalhar a sensibilização e a conscientização, e mostrar que o movimento negro está aqui e vive. Nós precisamos construir uma sociedade mais representativa, mais justa para todos, e a gente só faz isso no coletivo e na luta, por isso estamos aqui, Governo do Estado, Secretaria da Cidadania, para dizer o quanto que as mulheres pretas importam para a história, cultura, importam para a representatividade e para além, importam para o futuro”, destaca Viviane.
Paula Maciulevicius, Comunicação da Cidadania