Cerca de 90 mulheres em situação de vulnerabilidade social sonham com uma nova perspectiva de vida com o curso de Estética e Beleza, promovido pela Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria Extraordinária de Políticas Públicas para as Mulheres (SEPPM), realizado em parceria com o Instituto Nacional de Desenvolvimento Humano (Inadh). O curso é o primeiro de uma série que serão realizados no ‘Espaço da Mulher Jornalista Paula Adissi’, que funciona no Paço Municipal.
O curso de Estética e Beleza é composto por cinco módulos – Maquiagem; Manicure e Pedicure; Cabeleireiro; Depilação; e Design de Sobrancelhas, que serão ministrados em cinco meses, sendo um mês para cada módulo. As aulas começaram no início de março com duas turmas (manhã/tarde) e a perspectiva é que seja concluído no mês de julho.
“As mulheres que estão fazendo o curso buscam uma nova chance profissional, uma autonomia financeira. Com o curso, elas recebem capacitação com informações teóricas e práticas e, ainda, melhoram sua autoestima. Elas estarão capacitadas para montar o próprio negócio ou para a empregabilidade. Realizaremos outros cursos em breve. A Secretaria da Mulher pretende realizar muitos outros cursos no Espaço da Mulher Jornalista Paula Adissi”, destaca a secretária das Mulheres, Nena Martins.
Segundo ela, a Prefeitura Municipal entra com a estrutura para a realização do curso e divulgação, enquanto com o Inadh entra com o Polo Beleza Social, disponibilizando para as mulheres participantes o kit (caderno para anotações/camiseta/apostila) e certificado, além de todo o material necessário para as aulas práticas durante os cinco meses do curso.
“O instituto vai disponibilizar todos os equipamentos de um salão de beleza para facilitar o aprendizado como lavatório, mesas de manicure, cadeira de corte, secador, chapinha, babyliss e acessórios, além de camiseta, caderno e material didático”, explica.
Maria José, moradora do Varadouro, conhecida como dona Zezé, trabalha há muitos anos com o comércio de salgados. “Já ganhei muito dinheiro com salgados, mas depois da pandemia o ganho caiu muito, não está mais valendo à pena”. Mas Zezé não pretende largar de vez os negócios culinários e sim conciliar a fabricação de salgados com a prática de manicure e pedicure.
A rotina de dona Zezé é bem puxada. Acorda cedo diariamente para fazer os salgados, além de cuidar há muitos anos do irmão Erivaldo, de 49 anos, que é uma pessoa com deficiência. “Após terminar o curso vou trabalhar fazendo unhas, porque é uma atividade que posso fazer na minha casa, com hora marcada”.
A pernambucana Kátia Valéria também quer mudar de vida. Há dois anos veio para a Paraíba buscando mudar de ares por conta do fim de um relacionamento violento. Em João Pessoa, trabalha com atendimento ao cliente num restaurante, mas sonha com sua autonomia financeira. “Estou gostando muito do curso. Vim interessada nos módulos de unhas e sobrancelhas, mas estou gostando muito de toda experiência”, relatou.
Cláudia Torres (nome fictício) também tem muitos sonhos. Um deles é abrir um self service, mas enquanto não acontece sonha trabalhar com unhas. Ela conheceu as atividades da Secretaria das Mulheres através do Centro de Referência das Mulheres que a acolheu após ter sido vítima de constantes atos de violência doméstica, desde 2012. Ela só conseguiu se libertar após sete anos de sofrimento. A gota d’água foi quando seu ex-companheiro ameaçou atear fogo em seu corpo e depois jogá-la sobre uma mesa de vidro. Hoje segue sua vida restaurando a autoconfiança e a autoestima ao lado de um novo companheiro que lhe apoia e dá carinho. “Tenho muito sonhos e não quero viver com medo. Vou viver meus sonhos com meus filhos e meu companheiro”, disse sorrindo.
Janaína Tourinho, professora do curso de Beleza Social da Secretaria das Mulheres, diz que é um prazer dar aulas a todas essas mulheres fortes. Na avaliação da professora, elas têm um bom potencial e muitas já demonstram habilidade durante o curso. “Com esse curso muitas mulheres já conseguirão dar os primeiros passos em uma nova profissão, com uma renda própria em um trabalho digno”.