O professor doutor explicou que a pesquisa tem três objetivos cruciais, buscando melhorar a implementação de políticas voltadas à pessoas em situação de rua, considerando a saúde bucal e a saúde única, definindo os principais atores envolvidos neste processo de implementação, para que as pessoas recebam ao menos o mínimo previsto em constituição, que é o direito à saúde. “E para isso é necessário que haja uma articulação intersetorial, sendo necessário realizar uma análise de mapeamento”, complementa.
Segundo ele, o segundo objetivo é fazer um levantamento de saúde única e saúde bucal, estabelecendo assim as necessidades das pessoas em situação de rua, a ser conduzida no município de Campo Grande. E por fim, é proposto a realização de entrevistas qualitativas e quantitativas usando as metodologias pertinentes para analisar barreiras e facilitadores para implementação da política, prevendo a ampliação do acesso à saúde única e bucal.
Neste contexto, Rafael apresentou relatos de casos de pacientes acompanhados pelo Consultório na Rua que tiveram o acesso facilitado aos serviços de saúde e, até mesmo, proporcionaram um resgate da dignidade destas pessoas, contribuindo para reinseri-los na sociedade.
“Levamos a dimensão e importância deste trabalho. Um pouco da experiência sobre a necessidade do serviço ir até estas pessoas, que muitas vezes são avessas ou até mesmo resistentes a qualquer tipo de ajuda, transpondo estas barreiras para que ele tenha a sua identificação, como é o caso do homem que conseguiu receber o seu salário do INSS, através de apoio e orientação. Levamos alguns exemplos como este que, inclusive, sensibilizaram os presentes, tendo a dimensão do quão crítica é a vida de uma pessoa que vive nestas condições (situação de rua)”, finalizou.
O serviço é formado por equipes multiprofissionais que prestam atendimento integral à saúde dessa população em situação de rua “in loco”. As atividades são realizadas de forma itinerante desenvolvendo ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde (UBS), bem como com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e demais equipamentos da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS).
Conforme estabelecido pela Portaria nº 122, de 25 de Janeiro de 2011, que delinea as diretrizes para a organização e operação das Equipes de Consultório na Rua, a equipe de Campo Grande opera sob a égide da USF Vila Carvalho, localizada no Distrito Sanitário Centro. Esta localização estratégica não apenas facilita a logística da equipe, mas também otimiza seu alcance às comunidades mais vulneráveis.
Atualmente classificada na Modalidade III e devidamente habilitada pelo Ministério da Saúde, a equipe é composta por profissionais dedicados, incluindo um gerente, um assistente social, um enfermeiro, um médico, um psicólogo, um técnico em saúde bucal, dois técnicos de enfermagem e um motorista. Juntos, eles oferecem uma gama abrangente de serviços adaptados às necessidades únicas de seus usuários.
Os serviços prestados pelo Consultório na Rua abrangem desde atendimentos médicos adaptados às condições de rua, orientações sobre redução de danos, acompanhamento de pacientes em consultas e exames, realização de testes rápidos, até escutas qualificadas e encaminhamentos de serviço social. Além disso, a equipe fornece orientações sobre saúde bucal, enfermagem, curativos, vacinação e facilita a conexão entre os usuários e os serviços de saúde do território.
Para garantir que as necessidades emergenciais sejam atendidas prontamente, a equipe possui uma escala de trabalho abrangente, operando em horário comercial durante a semana e estendendo seus serviços até as 23h às segundas, quartas e quintas-feiras.
Ao longo de uma década, o Consultório na Rua de Campo Grande não apenas demonstrou um compromisso inabalável com a saúde e o bem-estar das populações mais marginalizadas, mas também se estabeleceu como um modelo de cuidado inovador e compassivo.