“O valor da mulher nessa idade é ela ter condições de ser poderosa consigo mesmo, se aceitar, em princípio, ela com seu espaço no mundo e dizer que ela é feliz como ela é. Não são as outras pessoas que fazem a sua vida, é você própria. Então isso daí é o princípio de tudo, a partir do momento que a mulher deixa de ter medo de ser ela mesma, ela já tem o seu valor e já tem o seu lugar no mundo. Como eu tenho o meu lugar no mundo e ninguém é igual a mim, ninguém nunca vai ser igual a mim, porque eu sou única”.
São com essas palavras que Miriam Rose Mota, de 66 anos, define o valor da mulher 60+ na atual sociedade. Professora aposentada, é uma das mulheres que frequentam Espaço do Fazer, que completa em 2024, oito anos de atividades, administrado pela Prefeitura de Campo Grande, por meio da Subsecretaria de Municipal de Políticas para a Mulher (Semu).
O ambiente se constitui como referência para grupos de mulheres de 60+ que buscam desenvolver habilidades manuais e de convivência. Na tarde, desta terça-feira (12), cerca de 20 mulheres do centro de atendimento tiveram uma tarde especial na sede da Subsecretaria, como homenagem ao mês dedicado às mulheres.
“O Centro do Fazer é ambiente que contribui muito para agregar ações, descobertas e até mesmo, resgates de autoestima das mulheres com mais de 60 anos, que vivem em Campo Grande. Todas as terças-feiras realizamos as oficinas de artesanato, porém hoje resolvemos fazer uma dinâmica diferente com dança, terapia e roda de conversa que abordou o valor da vida e a importância da autoestima nesse processo da vida”, apontou Carla Stephanini, subsecretaria da Semu.
A primeira atividade da oficina especial desta terça-feira foi aula de dança com a professora de forró Michele Lima. “A dança, só pelo fato de movimentar o corpo já ajuda bastante, pois promove o movimento físico, a musculatura. Isso gera bem-estar, estimula o ânimo, além de resgatar valores afetivos. Quando você ouve algo que tem algum valor afetivo para você, é impossível o corpo não se movimentar, ou ele não responder de alguma forma, né? Mesmo que você não dança, a memória afetiva, ela traz as sensações do corpo de dar um estalo com o dedo, ou de movimentar uma mão, um braço e até movimentar o corpo por completo”, explica.
A aposentada Irma Barbosa da Silva Rojas, de 75 anos deu hoje seus primeiros passos de forró durante a oficina. “Foi legal, eu gostei porque foi a primeira vez que participo de uma aula de dança. Foi um momento de muita alegria, percebi o quanto é saudável dançar. E para nós, mulheres com nossas idades, é muito importante essas atividades, eu mesmo me sinto muito valorosa. Eu principalmente, porque ainda trabalho. Sou aposentada, mas eu trabalho ainda fora como diarista. E não tenho preguiça. E ganhei meu dia hoje aqui”.
As assistidas pela Semu ainda ganharam uma sessão de terapia com a técnica da auriculoterapia, uma especialidade da acupuntura caracterizada pela utilização de pontos especificamente nas orelhas para o tratamento de sintomas comuns associados às diferentes patologias. “É a mesma proporção da acupuntura no corpo, porque o corpo é o nosso macrocosmo e a orelha é um microcosmos do corpo. Na orelha nós temos todos os órgãos e vísceras do nosso corpo inteiro, é um mapa pequeno do nosso organismo e com sementes de mostarda, aplicamos em pontos específicos da orelha para aliviar tensões, dores e até mesmo inflamações”, explica Rosângela Otto Como, profissional de terapias integrativas.
Para quem dedicou quase que a vida inteira cuidando de outras pessoas como enfermeira, hoje, a aposentada Maria do Carmo Soares, 63 anos, foi quem recebeu os cuidados da terapeuta em auriculoterapia. “Foi a primeira que recebi esse cuidado, essa atenção. Tenho dores agudas nas articulações, no ombro, além da tendinite. O mês é dedicado a mulher, palestras, debates são muito importantes, mas nada como um cuidado e atenção, por mais simples que seja, com a nossa saúde e bem-estar. Saio daqui hoje feliz, emocionada e renovada”, conclui a profissional da saúde.